UM PONTO DE VISTA - A VIDA NA SOCIEDADE LÍQUIDO-MODERNA

Estamos diante do pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925), além de outros que citaremos no decorrer deste texto. Os estudos sociológicos nos permitem refletir sobre a ansiedade e angústia que é viver nesse mundo pós-moderno onde os problemas sociais perpassam a experiência acumulada pelo homem contemporâneo na sua conjuntura valorativa, levando a Bauman a denominar a nossa sociedade atual de "Modernidade Líquida", dada a condição sociocultural em que vivemos, caracterizada por infinitas possibilidades de escolhas e, ao mesmo tempo, por falta de solidez e durabilidade.

Será que estamos, assim, problematizando a questão do amor? Nossa sociedade vive o fenômeno da "multidão solitária"? Onde as pessoas convivem lado a lado sem ver o "outro" em toda a sua alteridade, tornando-se, muito raro, um relacionamento genuíno capaz de compreender a interioridade do outro. Será a razão de tantas manifestações dos jovens ocorridas no mundo, incluso ai nosso país? Será que estamos vivendo a famosa "insustentável leveza do ser," preconizada pelo escritor tcheco Milan Kundera? Para o sociólogo Bauman, a fluidez dos vínculos, que marca a sociedade contemporânea, é conseqüência da globalização onde tudo ocorre com imensa velocidade e, também refletindo nas relações entre as pessoas.

Para Erich Fromm (1900-1980), "se eu amo o outro, sinto-me um só com ele, mas com ele como ele é, e não na medida em que preciso dele como objeto para meu uso". O avanço da modernidade fragmentou a expectativa de afetividade. Encontramos em Karl Marx (l818-1883) as bases alienantes desse processo pelo conceito de "fetichismo da mercadoria". Os objetos passam a ter vida própria e se tornam mais importantes que a afetividade humana, perdendo, assim, substancialidade o ser em si em relação ao nível das coisas.

Argumenta a socióloga Eva Illouz (1961) que "na cultura do capitalismo afetivo os afetos se tornaram entidades a ser analisadas, inspecionadas, discutidas, negociadas, quantificadas e mercantilizadas". Dessa forma as pessoas se equiparam as coisas que podem ser adquiridas, consumidas, descartadas e ninguém é insubstituível. "A pessoa não se preocupa com sua vida e felicidade, mas em tornar-se vendável". A esse processo de despersonalização do ser humano, essa indiferença existencial, é caracterizada pela idéia de "vida líquida", onde corremos o risco de nos perdermos de nós mesmos.

Autor Manoel Antonio dos Santos

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